Um senhor me veio pedindo ajuda
Dizia estar na casa dos sessenta
Mas meus olhos viam oitenta
E o coitado nem casa tinha
Como pode alguém deixa-lo assim?
Saindo por aí, resolvendo problemas
Me lembrava bastante o mendigo da esquina
Só um velho pedindo ajuda
Em sua mão ele segurava um documento
Era uma certidão de óbito
A única pessoa que prezava por ele
Sua filha, que o mantinha vivo
Havia morrido, dias após dar a luz
Mas onde estava essa luz?
Só havia sombra em sua vida
Não tinha dinheiro ou bens
Apenas um saco com documentos
Não sabia que não tinha direito a nada
Agora era o momento da sua neta
Se esperança é a última que morre
A vi deixar o corpo daquele senhor
Um efusivo chegou no momento
E perguntou "tudo bem com o senhor?"
Ele negou ao movimentar a cabeça
E vi água brotar em seus olhos
Era uma lágrima diferente
Como um último suspiro
Eu enxerguei sua dor através dela
E da mesma maneira que entrou
Ele saiu devagar, agradecendo
E eu soube naquele momento
Que eu não mais o veria.
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Triste desse homem,
ResponderExcluirQue em outro canto,
outros tantos
que nem chegamos a conhecer.
Quisá não mais ver...
Muito bonito. Muito bonito.
Vou passar aqui sempre.
Olhar passante é vitima e cumplice,
ResponderExcluircopo vazio que se preenche com as vistas...
Boas as palavras...
Gostei do que li